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domingo, 19 de dezembro de 2010

A mentalidade moderna...

Em quase todos os debates sobre o cristianismo, quer na TV, colóquios ou mesmo em reunião de amigos, há sempre quem lamente que o catolicismo e a maioria das confissões cristãs, carecem de se modernizarem.
A sociedade já não é a mesma - asseveram, - tudo evolui: conceitos, comportamentos, modos de vida, e até a educação e o ensino; só a Igreja permanece estática, isolada numa torre de marfim, bela, sem dúvida, mas obsoleta.
A verdade que defende podia ser válidas há dois mil anos, mas não agora! - E, deste jeito, rematam os católicos de estatística com ênfase própria dos ignorantes.
Esquecem que o cristianismo sempre foi “loucura” e “escândalo”.Era loucura para os pagãos e escândalo para os judeus.
São Paulo, na Epistola aos Romanos (12:2) lembra aos fiéis, para não se conformarem com as modas de então.
Jesus também foi motivo de escândalo. Era “filho” de carpinteiro e de Mulher pertencente a família humilde (Mt13:55). A doutrina que pregava parecia contradizer leis moisaicas (Mc10:4). Proibia o divórcio:” O que Deus uniu não separe o homem” (Mt19:6). Recomendava não lutar pelos bens terrenos (Lc6:29,30). Não entesourar (Lc12:20,21), porque o pão de cada dia, bastava (Mt6:11).
O martírio da cruz foi também escândalo (1Co.1:18). Não era Ele Filho do Altíssimo e nascido para reinar?! (Mt16:16,17).
Os discípulos também se escandalizaram com o Mestre. (Jo6:67)
Os algozes que O supliciaram e O levaram ao Calvário, assim como o povo que O tinha aplaudido, também se escandalizaram (Mc15:32) “Desce da cruz, para que vejamos e creiamos”.
O cristianismo, através dos séculos, tem sido a religião do “escândalo”.Os eremitas, os santos do primeiro século, os justos que morreram no Coliseu, foram “loucuras” extremas para a época.
Normal, seria a exemplo de Pedro, usar a espada, como fez ao cortar a orelha a Malco (Jo18:10). Normal, seria revoltarem-se como Espártaco. Subjugar, pela força, como Maomé, e não oferecer a outra face. (Mt5:39)
Mas Jesus se era Homem, também era Deus: reagia como homem, mas pensava como Deus.
A doutrina não era para agradar aos homens, mas a que o Pai queria.
Sendo Rei dos reis, comportava-se como profeta. Vivia em simplicidade; não entesourava; não vivia em palácios nem cobrava pelos “serviços”, e recomendava aos discípulos: “Dai de graça o que de graça recebeste”. (Mt10:8)
Não admira, para nós, homens do século XXI, que a Sua doutrina e Sua Igreja, sejam “loucuras” e “escândalos”.
A Igreja não é obsoleta, mas apenas fiel à doutrina. Adaptar-se à mentalidade moderna, era servir os homens e não a Deus. Considerar o Evangelho antiquado, que a Lei de Deus é mutável, consoante as épocas e interesses de ocasião, era heresia e até blasfémia. (2º Co4:2)
Ao longo da História o cristianismo viveu de crise em crise. Cada século tentou adapta-lo à sua época,”modernizá-lo”; mas a Igreja soube, mesmo nas piores controvérsias, defender-Se dos hereges e erros de conhecidos filósofos e teólogos, porque é divina e segue a Sagrada Escritura como manual de instrução, para A conduzir pelos caminhos da Verdade.

Humberto Pinho da Silva
Publicado no Recanto das Letras em 08/07/2010
Código do texto: T2365665

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